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Mulher preta, nordestina, que trabalha na contramão das estatísticas. Luciana Amâncio é uma verdadeira potência e trabalha para mostrar que estigmas podem e devem ser quebrados. Com 34 anos, a jornalista e empresária é dona da Lú Amâncio - Comunicando com Amor, que presta serviço de assessoria de imprensa para startups e projetos inovadores voltados à tecnologia. Com 1,59 de altura, a comunicadora é gigante quando o assunto é profissionalismo.
Natural do bairro de Cajazeiras e com alma cachoeirense, Lú iria estudar direito, mas um chamado especial do mundo da comunicação fez com que ela mudasse de ideia aos 45 minutos do segundo tempo.
Empreender, seja ele em qual ramo for, não é nada fácil. Embora tivesse essa consciência, Lú resolveu remar contra a maré e desde 2016 encara um mercado cruel para mulheres.
De acordo com informações da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil está em 7º lugar na lista de países com mais empreendedores do mundo. Deste número, 51% são empreendedoras mulheres e 47% delas são mulheres pretas.
Entrevistada do Preta Bahia da semana, a comunicadora dividiu um pouco da sua experiência profissional, a dor e a delícia de empreender em Salvador, além de aconselhar a futura geração que, segundo ela, tem chegado ao mercado com vontade de fazer acontecer.
Lú só é porque os pais são. Família tem um significado bastante poderoso para a jornalista e não é para menos, foram eles que lhe deram a régua e o como para ter coragem de fazer tudo aquilo que tivesse vontade. A comunicadora se formou com 21 anos e teve a estrutura e incentivo necessários para desbravar o mundo do empreendedorismo a partir de 2016.
"Meu pai, minha mãe e meus irmãos me deram a rede de apoio que eu precisava para empreender. Infelizmente não é tão comum vermos pessoas empreendendo, principalmente na área que eu empreendo, que é a assessoria de comunicação mesmo, e nem com esse tesão todo. Geralmente as pessoas fazem isso para pagar contas e isso é algo que as pessoas comentam comigo. Minha mãe me ver na televisão e chora, é uma agonia. Eles são muito tietes".
Amigo para Lú também é família. Foi justamente através de uma amiga que ela fechou o primeiro cliente que lhe daria o ânimo para continuar.
"Ali foi o meu primeiro cliente oficial e que daria origem ao meu negócio. Eu comecei a atender uma pessoa ou outra, e minha família confiou, incentivou para que eu arriscasse no ramo e isso foi em 2016. Cá estou eu em 2023, prestes a completar 7 anos de negócio, hoje com um negócio estruturado. Esse apoio incondicional no começo foi o que me deu a segurança para arriscar".
"A minha família, amigos, irmãos, são todos para mim. É por eles que eu vivo, que eu faço, que eu realizo, e para as pessoas pelas quais eu trabalho". Lú Amâncio
Lú brincava de escritório e de ser professora quando criança. Desde sempre ela teve a mente inquieta, criativa e que pensava fora da caixa. Curiosamente, ela assumiu a profissão não só de empresária, mas também o de mentora - ela tem um workshop onde divide experiências e desafios do mundo da assessoria de comunicação.
A jovem adulta, como ela mesmo se apelida, só se deu conta de que já é uma referência para a nova geração após as pessoas enxergarem potencialidade naquilo que ela fazia.
"O que me levou para esse lugar não é o que eu faço, mas como eu faço. Acabei desenvolvendo uma maneira de trabalhar que cativa. Um dos meus diferenciais é estar no um a um com o meu cliente e com os meus colegas de profissão. É esse pensamento que fazem pessoas terem vontade de trabalhar comigo. Gerir imagem é desafiador, mas estar perto, ouvir, saber o que o cliente quer, não é soltar o cliente [na mídia] por soltar. São diversas possibilidades que a gente tem para trabalhar e acredito que é isso que identifica".
Mesmo quebrando diversas barreiras e executando feitos que poucos baianos conseguiram - que é o de atender empresas fora do nordeste como eixo Rio-SP (Rio de Janeiro - São Paulo) -, Lú ainda encara desafios para exercer o seu trabalho.
"O mais desafiador sendo uma mulher negra periférica é ocupar o lugar. Também é um desafio as pessoas entenderem que esse lugar pode e será ocupado. Muito claramente a sociedade quer ditar para a gente até onde a gente pode ir. Eu já ultraei esse lugar e onde eu estou hoje eu nem sabia que poderia chegar. Falo em termos de reconhecimento de mercado".
"O mercado não olha para o Nordeste com a potência que a gente tem. A pandemia mudou um pouco os horizontes e quero que essa mudança continue".
Lú ouviu essa máxima de uma professora de faculdade e é nesse sentido que ela espera, e torce, que futuros comunicadores enxerguem o mercado de trabalho.
Primeiro você faz o que você pode para depois você fazer o que você quer. E faça o melhor que você pode com o que você tem. Essa primeira frase eu aprendi com Rita Batista, que também é uma ídola. Você não pode tomar como caminho seguindo pessoas que já nasceram com tudo pronto. Eu acho que a gente precisa olhar para os nossos iguais, olhar para a vida real, entender que é possível alcançar lugares e pessoas que construam com você, que te incentivem e não te castrem. Sonhar é o que move a gente, né? Sonhar grande e pequeno dá o mesmo trabalho". Lú Amâncio
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