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Naquele mesmo ano, Majur bombou na internet após gravar a canção AmarElo, ao lado de Emicida e Pabllo Vittar. “Quando eu chego, para todo o Brasil, e começo a cantar ‘Ano ado eu morri, mas esse ano eu não morro’, com essa imagem, com a representatividade que eu tenho, de fato isso gera uma explosão enorme, onde milhares de pessoas também começam a se identificar”.
Ela pontuou, ainda, que o crescimento na carreira também favoreceu para que ela começasse a entender a importância da representatividade nos espaços. “Eu fui compreendendo que esse processo era transformador para outras pessoas e isso, consequentemente, também iria me transformando”.
Revolução
Contar a história de Majur também significa falar da trajetória de muitas pessoas LGBTQIAPN+. “Isso é revolução”, enfatizou a artista, que complementou: “Tudo que eu fiz até hoje foi revolucionar. Eu sou a primeira artista trans a ser repostada pelas redes sociais da Gucci, já fiz feat com grandes artistas do país, casei. Isso são marcadores que parecem ser artísticos, mas tem muito mais do que isso. É uma construção para daqui a 10 anos a gente conversar e estarmos em um outro patamar. E eu me sinto muito honrada de ser o caminho disso e de ser uma ferramenta de construção”.
Apesar de todas as conquistas, Majur afirmou que, infelizmente, precisou sair de Salvador para ser quem realmente era, já que não conseguia ter a aceitação capaz de propiciar um crescimento na carreira.
“Eu saí de Salvador porque a cidade não iria abraçar uma trans no palco e dizer ‘É um Réveillon da cidade com Majur’. Eu ainda estou no caminho. Eu saio da minha cidade e sou abraçada no Brasil inteiro. No entanto, em Salvador ainda há muitos estereótipos, que limitam o espaço de onde consigo chegar. Não é à toa que meus fãs sempre me perguntam porque eu não estou na lineup da cidade”, pontuou.
O Casamento
Em setembro de 2022, a compositora foi mais uma vez exemplo de inspiração para muitas pessoas trans. À beira da praia, na cidade de origem, ela realizou a cerimônia de casamento com o coreógrafo Josué Amazonas. Ter esse sonho realizado também foi um marco para a comunidade LGBTQIAP+.
“Fazendo uma análise, eu acredito que esse é um indício de que temos um futuro muito melhor. Inicialmente, a ideia de casar em Salvador foi pelo fato da proximidade com a nossa família, mas, quando percebi que nunca tinha acontecido de uma travesti se casar no estado, vi o quanto que isso era potente”, reforçou.
E seguiu dizendo: “Isso marca a vida de muitas meninas trans que vivem na prostituição, que veem esse como o único lugar para se trabalhar, pois não se dá um outro espaço para elas. Hoje em dia podemos ver mulheres trans trabalhando em lojas e salões de beleza. Isso faz parte de uma evolução. Então, o casamento também possibilitou criar no imaginário delas o fato de que é possível ser amada”.
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